A série de homicídios do último fim de semana em Resende - quando quatro mortes foram registradas em três dias, em localidades diferentes - deixou a população da cidade ainda mais amedrontada. No início de setembro uma "guerra" entre traficantes rivais dos bairros Alvorada e Cidade Alegria foi confirmada por policias da 89°DP (Resende). Estes conflitos teriam acarretado a morte confirmada de seis pessoas, e a prisão de outras oito por envolvimento com tráfico e venda de entorpecentes; vítimas baleadas e troca de tiros também já foram registradas.
- Pelo que a gente lembra, essa guerra teve início no dia em que mataram o Diego, no baile - informou uma moradora da Cidade Alegria, que se identificou apenas como Sandra. Ela referiu-se à morte de Diego da Silva Martins, 25 anos, morador da mesma localidade, assassinado em setembro, no bairro Manejo, após discutir com um rapaz identificado como Ygor, morador da Alvorada.
Segundo outros moradores, as disputas por pontos de vendas, atingiram o nível máximo, quando o alto número de homicídios foi registrado em poucos dias.
- O pessoal que vende maconha e crack aqui na Cidade Alegria está com medo dos meninos da Baixada da Olaria, e da Alvorada tomarem o ponto deles - informou a doméstica Miriam Fernandes.
Além da disputa pelos pontos de vendas, outro fator que preocupa a dona de casa Adriana de Fátima é, segundo ela, a falta de policiamento nas ruas após 21h.
- Tenho dois filhos que estudam no período da noite, e quando eles descem no ponto, está tudo muito deserto - revelou.
Na localidade conhecida como Morada do Contorno, onde os jovens Cid Lisboa Ferreira Junior, o Juninho, e Aoki Gomes Junior foram mortos, o medo de um possível toque de recolher por parte dos traficantes vem aterrorizando os comerciantes.
- Com a violência aqui no bairro, já fomos assaltados duas vezes, e por este motivo estou fechando o mercado mais cedo - falou a comerciante Ivania Rosa.
O borracheiro Samuel Gomes também comentou que na próxima reunião de moradores de bairro irá apresentar uma proposta.
- Meu estabelecimento, no qual minha filha trabalha comigo, fica na mesma rua onde o Cid foi morto. Pensando em nossa segurança, vou propor aos moradores, a contratação de um segurança particular - adiantou.
Procurado pela equipe do DIÁRIO DO VALE, o presidente da associação de moradores da Morada do Contorno, não quis falar sobre o assunto.
Rondas e reforço no policiamento
O delegado titular da 89° DP (Resende), João Dias, informou que a segurança e o reforço policial, por meio de rondas, serão ainda mais frequentes em todo o município.
- Os casos seguidos de violência registrados podem ser considerados um fator raro de violência isolada no município de Resende. Mas em esclarecimento à população, gostaria de reforçar que todos os casos ocorridos nos últimos dias estão senso apurados pela Polícia Civil, em parceria com a equipe do 37° Batalhão - apontou o delegado.
Reforçando que rondas e um maior sistema de policiamento, se farão presente nos bairros citados entra as ocorrências, como em outras localidades do município.
Idosos também estão apreensivos
Os idosos, moradores da região da Baixada Olaria, também estão apreensivos com a situação da violência.
- Além de ser errado vender estas coisas, meninos que eu vi crescer, que agora falam que são traficantes, não estão nos respeitando mais - frisou um aposentado que não quis se identificar.
Segundo um morador, que se identificou apenas como João, a ação dos traficantes, faz com que antigos hábitos dos moradores tenham de ser modificados.
- Durante quase três anos, no período de férias, meus netos vieram para cá. Este ano vou falar com minha nora para deixar os meninos irem para outro lugar - comentou.
O bairro Baixada da Olaria é considerado o local com maior taxa de violência em Resende. Segundo seus moradores, além do tráfico de drogas, os furtos a estabelecimentos comerciais apresentam níveis crescentes na localidade.
- Somos reféns em nossas próprias casas desde setembro, quando a disputa de traficantes começou. Tem dias que dá medo de sair até para ir ao mercado - comentou a manicure Leila Castro.