Outro dia
olhei para o meu filho Rodrigo (13 anos) e me espantei como o tempo passa
rápido. Parece que foi ontem que vi ele pela primeira vez e brincava com ele no
parquinho, dentro de casa ou passeando pelos campos e montanhas que vivíamos
explorando.
Outro dia
olhei-me no espelho e me deparei com alguns fios brancos em minha cabeça. Agora
não é apenas um isolado, são alguns, que insistem em crescer sem a melanina.
Isso me assusta. Ainda mais quando deixei de fazer várias coisas que queria na
vida enquanto mais jovem. A verdade é que próximo aos quarenta anos não sou tão
novo pra começar a jogar futebol profissionalmente, mas também não sou tão
velho para me aposentar e viver a vida viajando.
Envelhecer
dói! Dói o corpo, mas aquece a alma, pois muitos não têm essa oportunidade e
vidas são interrompidas precocemente e inesperadamente. Onde estávamos com a
cabeça quando em meio à dor dizemos que amamos, mas quando tudo está bem,
fingimos que não precisamos de ninguém e somos imortais? A vida é um sopro.
Quando se vê já nasceu, quando se percebe já estamos na adolescência, sem nem
nos tocar estamos dando o CPF pra abrir um crediário e nos endividando para
contar as moedas no final do mês, passamos um bom tempo assim, nesse momento
vem um texto e uma reflexão como esta e seguimos a vida rumo ao fim que pode
estar próximo ou durar a mesma quantidade de anos vivida até aqui ou com sorte
até mais.
A maioria das
pessoas não sabem como praticar a gratidão. Reclamam de tudo e arrumam barulho
por um copo fora do lugar. Um dia, quando menos se espera, a única coisa que
você queria ver em sua casa é o copo fora do lugar, a cama desarrumada ou a luz
acesa sem ninguém no quarto, mas não está lá. Não mais. O copo está no lugar, a
cama está arrumada, a luz está apagada e você está sozinho. Um arrependimento
bate por ter feito tempestades em tampinha de garrafa e não ter dito “te amo”,
“obrigado”, “preciso de você”, “perdoe-me” o suficiente. A saudade invade o
peito, lágrimas involuntárias inundam os olhos e escorrem pelo canto até chegar
à boca e sentirmos o gosto salgado da saudade. O problema é que saudade não é
sentimento suficiente para trazer de volta quem a vida ou a morte levou pra
longe de nós.
Então antes de
brigar por coisas bobas, pense bem. O tempo que você leva brigando por coisas
banais é infinitamente menor que o tempo que você sentirá falta dessa pessoa.