sexta-feira, 23 de julho de 2021

Pensando sobre o tempo

Estamos vivendo com gratidão?
Foto: Sandra Barros

Outro dia olhei para o meu filho Rodrigo (13 anos) e me espantei como o tempo passa rápido. Parece que foi ontem que vi ele pela primeira vez e brincava com ele no parquinho, dentro de casa ou passeando pelos campos e montanhas que vivíamos explorando.

Outro dia olhei-me no espelho e me deparei com alguns fios brancos em minha cabeça. Agora não é apenas um isolado, são alguns, que insistem em crescer sem a melanina. Isso me assusta. Ainda mais quando deixei de fazer várias coisas que queria na vida enquanto mais jovem. A verdade é que próximo aos quarenta anos não sou tão novo pra começar a jogar futebol profissionalmente, mas também não sou tão velho para me aposentar e viver a vida viajando.

Envelhecer dói! Dói o corpo, mas aquece a alma, pois muitos não têm essa oportunidade e vidas são interrompidas precocemente e inesperadamente. Onde estávamos com a cabeça quando em meio à dor dizemos que amamos, mas quando tudo está bem, fingimos que não precisamos de ninguém e somos imortais? A vida é um sopro. Quando se vê já nasceu, quando se percebe já estamos na adolescência, sem nem nos tocar estamos dando o CPF pra abrir um crediário e nos endividando para contar as moedas no final do mês, passamos um bom tempo assim, nesse momento vem um texto e uma reflexão como esta e seguimos a vida rumo ao fim que pode estar próximo ou durar a mesma quantidade de anos vivida até aqui ou com sorte até mais.

A maioria das pessoas não sabem como praticar a gratidão. Reclamam de tudo e arrumam barulho por um copo fora do lugar. Um dia, quando menos se espera, a única coisa que você queria ver em sua casa é o copo fora do lugar, a cama desarrumada ou a luz acesa sem ninguém no quarto, mas não está lá. Não mais. O copo está no lugar, a cama está arrumada, a luz está apagada e você está sozinho. Um arrependimento bate por ter feito tempestades em tampinha de garrafa e não ter dito “te amo”, “obrigado”, “preciso de você”, “perdoe-me” o suficiente. A saudade invade o peito, lágrimas involuntárias inundam os olhos e escorrem pelo canto até chegar à boca e sentirmos o gosto salgado da saudade. O problema é que saudade não é sentimento suficiente para trazer de volta quem a vida ou a morte levou pra longe de nós.

Então antes de brigar por coisas bobas, pense bem. O tempo que você leva brigando por coisas banais é infinitamente menor que o tempo que você sentirá falta dessa pessoa.


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