Por que Silvio de Carvalho Perdeu a Eleição? - Parte 2

                                                                                                                           foto: Yuri Campos

O então deputado Noel de Carvalho, Lula e Silvio de Carvalho.

Dava para perder? Pior que sim.

A Vingança dos Excluídos

Durante todo o governo vi e ouvi coisas que me chatearam, mas prefiro citar coisas que vivi. Trabalhei muito para que Silvio de Carvalho fosse eleito.

Em janeiro de 2001, após ter perdido a eleição para Eduardo Meohas,  Silvinho começou uma caminhada rumo a vitória. Ele próprio me chamou para ser candidato a vereador, na época eu trabalhava na rádio comunitária Oeste FM dirigida pelo meu amigo João Nordestino, e após uma rodada de entrevistas em um programa com dezenas de ligações veio o convite. Aceitei e começamos a nos reunir mensalmente em grupos cada vez maiores.

Chegou 2004 e fomos vitoriosos. Eu que sempre gostei de cultura pedi para que minha colaboração fosse nessa área, mas após a posse consegui “entrar” na prefeitura apenas no fim de fevereiro. Apesar de estar lá todos os dias não conseguia falar com Silvio, “ele não está”, “foi a uma inauguração”, “está em reunião” eram as respostas que eu ouvia. E quando conseguia falar com ele ou com Paulo Cardoso (o vice), eles me encaminhavam a pessoas que não cumpriam as determinações. Bom, resumindo, graças a meu amigo Altamiro Martinelli que era o diretor de saúde mental no início do governo e conhecia meu trabalho no teatro consegui “entrar”, mas nos programas de saúde mental e não na cultura, como foi prometido. Demorei três meses para receber o primeiro salário e depois mais dois para receber o segundo, tudo porque não me nomearam como o prefeito pediu.

Implantei a oficina de teatro nos programas para todos os pacientes (até então eram apenas para alguns). Depois vieram outras oficinas e logo depois o reconhecimento de modelo  do Governo do Estado.

Mas o que me marcou foi a falta de interesse de alguns em manter o “time” como Silvinho dizia na época da eleição. Foi então que em uma de minhas investidas na PMR fui até a Secretaria de Esportes e vi o ex candidato a prefeito Laureano, o maior crítico de Silvio, NOMEADO na mesma, enquanto muitos dos amigos que suaram a camisa a favor da coligação estavam sendo “enrolados” por alguns.

Após isso vieram as dificuldades de cada um que depois de não concordarem com algumas coisas ou não serem aproveitados da devida forma foram excluídos ou abandonaram o barco.  Cada um teve um motivo. Não vou citar aqui os que conheço, mas cada excluído tem uma história.

Se Alcides de Carli, Macarrão, Ed Murph, Cial, alguns vereadores, o próprio Rechuan entre outros tivessem tido uma atenção especial e uma conversa amigável ao invés de “é isso e pronto”,  talvez o resultado tivesse sido outro.

Para mim, ouvir apenas um lado da história e tirar conclusões foi um dos erros de Silvio. Digo isso pois aconteceu comigo.

Mas a verdade é que os excluídos foram o fiel da balança nas eleições e Rechuan que era “empregado” virou “patrão”.

A tática de trazer os inimigos para não ter oposição parece não ter funcionado, porque o “inimigo” dificilmente ficará seu amigo, mas o amigo pode virá “inimigo”.

Leandro Resende

Membro Fundador do Comitê Suprapartidário

Membro do Conselho de Cultura de Resende

Ator e Diretor da Cia LIATT de Theatro

e Resendense