Passados 16 anos da primeira fábrica de caminhões inaugurada em Resende, a indústria automotiva no Sul Fluminense torna-se uma realidade em volume de recursos e em geração de postos de trabalho. Além da MAN Volkswagen (caminhões e ônibus), a região possui a francesa PSA Peugeot Citroën (Porto Real), aguarda a instalação da franco-japonesa Renault Nissan (também em Resende), além da ampliação da fábrica de pneus Michelin e da instalação da sul-coreana Hyundai Heavy Industries, de máquinas para construção pesada (ambas em Itatiaia). Há previsão de investimentos de R$6,1 bilhões e abertura de cinco mil empregos.
“Com a política de incentivos do governo do estado, finalmente o polo automotivo está se consolidando na região. Os investimentos estão chegando, com a ampliação na produção das fábricas existentes, e anúncio de novas. Todo esse movimento atrai uma cadeia de fornecedores”, comemora o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Julio Bueno.
O levantamento Decisão Rio 2012-2014, da Federação das Indústrias do Rio (Firjan), prevê, no período, a execução de 234 empreendimentos em todo o estado, com investimentos na ordem de R$211,5 bilhões. Ganham destaque setores de óleo e gás e de infraestrutura para a Copa do Mundo de 2104 e Olimpíada 2016.
Para a indústria da transformação são estimados recursos de R$40,5 bilhões, sendo R$ 6,1 bilhões apenas para o setor automotivo no Sul Fluminense. O quantitativo de empregos no segmento é grande, ultrapassando cinco mil postos, contando as vagas indiretas produzidas pelo setor.
“Com a clareza do mercado automotivo brasileiro e a estabilização mundial, é possível haver novos investimentos no país”, diz Bueno.
Montadoras vão precisar de fornecedores de serviços
Superintendente do Sebrae/RJ, Cezar Vasquez diz que já há um movimento para a formação de ‘cluster’ (agrupamento) automotivo no Sul Fluminense, com a instalação de grandes empresas. “O setor agora está maduro, mas é preciso construir um arranjo produtivo que atenda às montadoras, já que o fornecimento de serviço é qualificado e de padrão mundial”, alerta.
Para ele, é necessário haver o envolvimento das grandes empresas, que têm o poder de decisão de compra, para a criação e instalação de empresas menores fornecedoras de serviços. “Um dos carros-chefe do Sebrae é o Programa de Desenvolvimento de Fornecedores, no qual buscamos a identificação, capacitação e qualificação dos possíveis fornecedores em cada setor”, explica.
Ele destaca que há fundos, como a Finep, para incentivar as empresas que investem em inovação.
R$ 385 milhões só em autopeças
Com a chegada da Renault Nissan, a Mercedes-Benz já estuda retomar a produção de automóveis no país, compartilhando a fábrica da montadora em Resende.
Na esteira da Nissan, a expectativa é a instalação de cerca de 30 empresas de autopeças na região. Seis já anunciaram investimentos, na ordem de R$ 300 milhões: Mitsui Steel (bobinas de aço), Yorozu (suspensão), Tachi-S (bancos), Kinugawa Rubber (tiras para vedação de portas) e CalsonicKansei (escapamento); e a Faurecia (parte interna das portas).
Com a ampliação da PSA Peugeot Citroën, há previsão para a instalação do Tecnopolo 2, com novos fabricantes de autopeças.
Já a MAN Volkswagen anunciou o Parque de Fornecedores, num investimento de R$ 85 milhões. Meritor, Maxion e Suspensys terão fábricas nos arredores em Resende.
Novo regime automotivo estimula indústria nacional
No início do mês, o governo anunciou as regras para o regime automotivo, que vai vigorar entre 2013 e 2017, e tem por objetivo ter carros melhores, mais eficientes, modernos, com menos emissão de carbono, e a preços mais baixos.
“O novo regime automotivo visa dar um impulso forte para a indústria automobilística brasileira. É um programa que estimula os investimentos da indústria, que é uma das que mais apostam no país e queremos que continue aumentando investimentos”, declarou o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
O governo está dando estímulos para que haja pesquisa e desenvolvimento tecnológico, inovação e aumento da eficiência energética no setor automotivo.
“O Brasil dará incentivos para que as empresas possam seguir nessa trajetória. O objetivo é gerar mais empregos na economia brasileira”, disse Guido Mantega.
INDÚSTRIA AUTOMOTIVA NO RJ
1940
Início da construção da Fábrica Nacional de Motores (FNM), em Xerém, Duque de Caxias.
1968
A fábrica é vendida para a italiana Alfa Romeo, que lança os caminhões FNM 180 e 210, em 1972.
1976
A Fiat assume o controle da FNM e em 1979 lança o caminhão Fiat 190. Administrada pelo Iveco (do grupo Fiat), encerra as atividades em 1985.
1990
A Ciferal compra a planta de Xerém para fabricação de ônibus. Em, 2001 a Marcopolo assume o controle da fábrica.
1996
Em 1º de novembro, é inaugurada em Resende, no Sul Fluminense, a fábrica Volkswagen Caminhões e Ônibus, ao custo de US$250 milhões. Eram 120 funcionários e um veículo produzido por dia.
2008
A MAN comprou a unidade de caminhões e ônibus do grupo Volkswagen, que passou a se chamar MAN Latin America no ano seguinte. Hoje, são 7 mil funcionários, incluindo empresas parceiras do Consórcio Modular: Maxion (chassis), ArvinMeritor (eixos e suspensão), Remon (rodas e pneus), Powertrain (motor e transmissão), Continental (interior da cabine), Aethra (armação da cabine) e Carese (pintura); e produção diária de 220 veículos.
2001
Inaugurado Centro de Produção do PSA Peugeot Citroën, com menos de 2 mil funcionários. Em 9 de outubro de 2012, comemorou a montagem de 1 milhão de automóveis no Brasil.
2012
Em fevereiro, a empresa gaúcha Neobus anuncia, em solenidade no Palácio Guanabara, a instalação de uma fábrica de ônibus em Três Rios, no Centro-Sul do estado, com investimento de R$ 90 milhões e geração de 1.200 novos empregos.
2014