segunda-feira, 1 de março de 2021

E o Rio continua lindo?

 


A cidade do Rio de Janeiro comemora nesta segunda-feira (1/3) seus 456 anos e muitas perguntas rondam as cabeças dos cariocas da gema, de naturalidade ou de acolhimento: O Rio de Janeiro continua lindo? Porque a cidade chegou onde estamos? O que esperar do futuro da cidade símbolo do Brasil?

A primeira pergunta posso responder que sim, o Rio de Janeiro continua lindo e a cada dia mais. Apesar da guerra urbana que vivemos no morro ou no asfalto, de toda a mazela que o Rio vem sofrendo nas últimas décadas a cidade não perde seu encanto e suas belezas naturais. Sofremos com o trânsito, a violência, os roubos na política, o descaso na saúde e muitas outras coisas que deixam o carioca com vontade de sair da cidade (e muitos acabam saindo mesmo), mas independente disso tudo, seja na Rocinha ou em Copacabana sempre existe um carioca com o sorriso no rosto para rir até mesmo da precária situação da cidade. Somos assim, rimos de nervoso, mas rimos pra não dar o gostinho do inimigo saber que estamos lascados.

A segunda pergunta é como a cidade chegou até essa situação? Difícil dizer quando começou. Se foi nos anos 2000, anos 90, 80 ou com a abolição da escravidão. Verdade é que tudo é uma soma e a conta chegou. O grande número de escravos libertos no Vale do Paraíba (cerca de 200 mil) invadiram a cidade com o fim da escravidão e é claro que a cidade não estava preparada para isso, o Morro da Favela, que mais tarde passaria a se chamar Morro da Providência e que já abrigava soldados vindo da Guerra de Canudos e pessoas de baixa renda foi um local “invadido”, assim como o centro do Rio, criando assim uma grande população de rua.

Mais recentemente na história a convivência de presos políticos e bandidos comuns no final dos anos 70 e início de 80 ajudaram a moldar as facções colocando a organização em prática e buscando por atividades mais lucrativas que se reforçaram com a parceria dos cartéis bolivianos/venezuelanos com o tráfico no Brasil. Tudo isso ganhou muita força quando o então governador Leonel Brizola suspendeu todas as ações policiais nos morros do Rio em 83. Naquela época o tráfico tomou conta da cidade e começou a entrar na política como um braço importante nas eleições. Bom, com isso junta-se a ganância do homem em ganhar mais dinheiro e não contentar-se apenas com seu salário de representante eleito pelo povo. No meio do caminho esqueceram o que estavam fazendo lá no poder e corromperam-se. Tivemos os últimos governadores presos e um deles declarando que era viciado em dinheiro. Enquanto eles roubavam, pessoas morriam nas filas dos hospitais, nas calçadas com fome ou tomavam outros caminhos por falta de estrutura no sistema de ensino. E sim, somos responsáveis por isso, porque elegemos cada um deles, mas erramos tentando acertar porque queremos o melhor para nossa cidade.

Mas o que esperar do futuro da cidade do Rio de Janeiro? Nesse momento temos muito para comemorar, afinal, entre trancos e barrancos chegamos até aqui. A impunidade política meio torta ou vergonhosamente vem deixado de existir em alguns casos, mas já é um começo. A crise pandêmica gerada pela Covid-19 ainda nos faz chorar e lamentar, pois mesmo em meio ao caos tem político que ainda encontra tempo de roubar, mas estamos vencendo, a passos curtos e lentamente, mas o carioca ainda acredita em dias melhores. O Rio de Janeiro continua lindo, livre e com vontade de vencer. Sonho que o Rio possa se alegrar todos os dias e por inúmeros motivos e não apenas quando um time de futebol ou escola de samba são campeões. Somos e podemos mais do que isso. O Rio é de todos, mas só entenderemos isso quando pararmos de olhar apenas para nosso espelho. Levante, sacode a poeira e dê a volta por cima carioca, porque o Rio é lindo!


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