quarta-feira, 10 de março de 2021

Fracasso no combate a pandemia começou em 1500

 


alerta de spoiler sobre a história que não contam na escola

            O ano é 1500 e de Portugal no dia 8 de março parte a maior frota formada até então com cerca de 1500 homens e treze navios em busca de um novo desafio: Fincar duas bandeiras em solo brasileiro. Duas bandeiras? Os portugueses sabiam que terras brasileiras existiam? Eles não estavam indo para as Índias? Calma, eu explico cada indagação.

            A chegada de Cabral ao Brasil foi parte de uma cruzada conduzida pela Ordem de Cristo, a sucursal portuguesa dos Templários. Cabral era Cavaleiro da Ordem e praticamente não tinha experiência em navegação quando D. Manuel, o rei de Portugal, nomeou-o capitão-mor na missão. A presença de Pedro Álvares Cabral fazia-se necessária porque só a Ordem de Cristo, uma ordem religiosa e militar autônoma do Estado e herdeira da Ordem dos Templários, tinha autorização do papa para ocupar os territórios tomados dos infiéis (nesse caso, os indígenas). A cruz de Cristo estava pintada nas velas da frota e os marcos traziam de um lado o escudo português e do outro a Cruz de Cristo, o estandarte da Ordem esteve presente, participando das duas primeiras missas, concretizando assim sua conquista. Digo conquista porque não foi um descobrimento e sim uma tomada de posse, já que os índios já viviam aqui e provavelmente Duarte Coelho que era de extrema confiança do rei D. Manuel descobriu o Brasil no final de 1498, mas acabou desembarcando entre o Maranhão e o Pará, terras que de acordo com o Tratado de Tordesilhas de 1494 pertenciam à Espanha. Para não colocar tudo a perder quando retornou a Portugal, o rei pediu que não contasse à ninguém sobre a descoberta. D. Manuel então chamou Cabral para a missão que deveria alcançar o Brasil em outro ponto da terra que pelo tratado pertencia a corte portuguesa, ou seja, não foram apenas os ventos e o acaso que trouxeram Cabral até aqui. Há uma história pouco divulgada, ligando os misteriosos Templários à descoberta do Brasil. Alguns acreditam que o Brasil já era mencionado em escritos antigos, bem anteriores a 1500, nos quais já era sua localização conhecida e o seu nome Brasil existente, que quer dizer algo semelhante a "um raio que consagra a rocha sobre a qual se lança". Esta denominação esconde uma explicação mística que contradiz a afirmação de que o país foi assim batizado pela madeira de raro valor comercial que aqui fora encontrada. Na realidade a madeira teria ganho esse nome, por ser reconhecida como "pau do Brasil".

            Mas dai você me pergunta: O que o “descobrimento” do Brasil em 1500 tem a ver com a pandemia em 2021? Eu digo: Tudo! O comportamento do ser humano é típico e natural desde sempre, passam-se os anos e o comportamento é sempre o mesmo. Como relatei acima Pedro Álvares Cabral não tinha muita experiência para tal feito, mas era membro da Ordem de Cristo, condição importante para conquistar novos territórios. Hoje os reis somos nós e continuamos escolhendo através do voto pessoas sem experiência para trabalhos de extrema importância, como governar nossas cidades, estados e país, simplesmente porque elas pertencem, achamos nós, a uma ordem que acreditamos ser a correta salvação para a política.

No Rio de Janeiro curiosamente, apesar de termos indícios de má administração de seus antecessores, um outro Cabral (pertencente a ordem dos viciados em dinheiro público) desencadeou a maior crise da história do Estado com desvios, superfaturamentos e propinas que impactam e muito a atual situação do Rio. Quanto dinheiro deixou de ser investido na saúde, educação e tantas outras áreas para que luxos fossem mantidos ou conquistados? Escolhemos pela aparência ou por achar que o próximo será o salvador da pátria, o messias ou até mesmo o próximo rei que colocará o governo no rumo do desenvolvimento. A verdade é que o fracasso, ou o pouco sucesso do país em combater a pandemia não está apenas no colo do prefeito, governador ou presidente, mas passa e muito por nossa responsabilidade (e não estou defendendo ou acusando ninguém) quando deixamos de seguir as medidas de prevenção ao contágio como usar máscaras, álcool em gel, evitar aglomerações ou até mesmo ficar em casa quando solicitado.

            Não existem certos ou errados nesse tempo. Todos nós temos nossa parcela de culpa. Seja quem minimiza, ou seja quem por não concordar com resultados das eleições faz a politização do Covid-19 e esse é o maior problema da pandemia em todo o mundo e isso não sou eu quem digo. O próprio diretor geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanon disse isso e eu tenho que concordar. No caso do Brasil o presidente fala uma coisa, governadores outra e prefeitos ficam no fogo cruzado tendo que escolher um lado. Paralelo a isso tudo a população fica confusa, parcialmente desamparada e sem saber o que fazer. “A economia a gente vê depois”, “melhor baixa de CNPJ do que de CPF”, “é só uma gripezinha”, “a culpa não é minha” e muitas outras frases que todos estão cansados de ouvir toda hora aparecem em algum canto, seja para justificar ou para fazer chacota. Acontece que não dá pra ficar pensando em dividir o Brasil quando estamos, todos, enfrentando um inimigo em comum. O vírus não tem partido! Será que o Brasil só é capaz de unir-se para eliminar indicados ao paredão pelo Big Brother? Acorda meu povo! Estamos sendo saqueados durante a pandemia! Estão levando nosso dinheiro, nossas vidas e nossa dignidade enquanto brincamos de rei. A situação é séria e temos muito para consertar.

            Acabamos de sair de um ano eleitoral onde uns foram felizes nas escolhas e outros nem tanto, ainda atordoados pela corrida eleitoral do ano passado já começamos a pensar nas eleições do ano que vem. Política pra lá, ataque pra cá e vamos perdendo a batalha para um vírus mortal. Assim como a Ordem de Cristo e os Templários queremos fincar nossas bandeiras do “Ele não!” e do “Sou capitão 2022” cegamente sem ligarmos para as vidas que estão nos deixando. Infelizmente grande parte das pessoas que falam contra o presidente, citando as mortes, estão importando-se mais em atacar o executivo, que com as vidas de João, Maria, Antônio ou José. Da mesma forma do outro lado quem minimiza as mortes com ironias, gripezinhas, a culpa é do governador não está preocupado com as vidas, mas apenas em defender cegamente quem ele acredita que é salvador contra a galera de vermelho.

            Temos que parar e pensar: Assim como os portugueses já sabiam da existência das terras brasileiras, nós sabíamos da segunda onda, sabíamos que nossa saúde estava sucateada, sabíamos que os roubos estavam impactando em nosso mau atendimento no SUS e sabíamos que não era pra politizar o problema, mas mesmo assim em vários cantos do Brasil fomos picados pela síndrome de D. Manuel e elegemos pessoas despreparadas em sua maioria (não estou generalizando, existem exceções) para levarmo-nos a “terra prometida”.

Que tal a partir de agora fazermos um pacto? Vamos focar em acabar com a pandemia, principalmente evitando aglomerações e seguindo as recomendações de saúde para em seguida focar em mudar o país elegendo pessoas capacitadas e competentes para conduzir os estados e o país como um todo para a retomada que tanto almejamos, mas vamos fazer uma coisa de cada vez.


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