O entrevistado Silvio de Carvalho entre os mediadores Leandro Resende e Édino Camoleze
No último dia 24 de março, o Comitê Suprapartidário recebeu em seu ciclo de entrevistas o ex-prefeito de Resende Silvio de Carvalho. Muito a vontade ele respondeu a todas as perguntas e falou sobre tudo. Uma noite histórica, politicamente falando onde pode-se ver toda verdade, arrependimento e alegria pelo desabafo de algo que estava engasgado na garganta e implorava para ser colocado para fora. Silvio disse que foi a primeira entrevista após a derrota para Rechuan. A primeira porque até então ninguém o tinha procurado para falar sobre o assunto. Disse ainda que a imprensa local o deixou de lado, mas ele tinha muito a falar e falou.
Abaixo alguns trechos da primeira parte da entrevista.
Na apresentação Silvio lamentou, disse que sentia falta e saudades de muita coisa, dentre elas não estar na inauguração da Votorantim (que para ele foi um castigo não estar presente), da Chalana, das inaugurações das casas populares e falou ainda que deixou muita coisa pronta para os próximos dez anos, muitos projetos que ele espera do atual prefeito o compromisso de executar para o bem da cidade. Afirmando sua felicidade de ter sido prefeito de Resende e agradeceu ao Comitê Suprapartidário Renova Resende pelo convite.
Comitê Suprapartidário Renova Resende: O que você tem a dizer sobre o fato de as pessoas falarem que as obras foram feitas no último ano de mandato?
Silvio de Carvalho: O fato foi que eu fiz um governo pra mim mesmo. Eu quis fazer um governo utópico. Eu fiz um governo duro demais, sem aceitar dinheiro ou ajuda de ninguém para mim. Fui honesto. Mas a sociedade não é tão dura, ela quer uma flexibilidade. Atingi muitos interesses para fazer o que era o certo, mas o certo não é o mais importante. O possível é o mais importante. Muitos acham que ter a razão é prevalecer, mas a razão não prevalece sobre nada. O que prevalece é a harmonia e eu quis impor a razão e foi um grande erro. Outro erro foi não divulgar o que fizemos. Eu fiz mais obras no segundo ano de governo, que no último. Asfaltei vários bairros da periferia. No último ano a gente veio fechando o ciclo, só que em nossas obras fizemos a opção pelas pessoas mais pobres, mas infelizmente as pessoas mais pobres não formam opinião e nossas obras vieram aparecer no centro no último ano. Para você ver, as Barras estavam sem drenagem e asfaltos a quarenta anos e ganhamos nesses bairros por apenas cinquenta, sessenta votos. Daí veio jogadas politicas, intrigas, problemas pessoais e muitos dos votos que perdemos foram por motivos pessoais. A gente tem muitos defeitos, mas a gente trabalha. A nossa marca é o desenvolvimento. Então o jogo eleitoral sempre cai na questão pessoal e isso cola no interior. Chegaram a colocar no jornal que comprei caneta de ouro, que a Resende Águas é da minha mãe. Coisas assim. E a eleição não é decidida pela razão, é decidida pela emoção. Uma coisa que me desanima um pouco na vida publica é isso, as pessoas não jugam o nosso trabalho, mas pelo o que as pessoas falam ou inventam sobre a nossa vida particular. Mas eu acho que vale a pena, pois o saldo sempre é positivo e ainda tem muitos que gostam da gente. Perdemos a eleição porque a oposição descobriu que se ela fizer uma união completa, ela disputa um páreo duro com a gente. Só que a população não compreende que a gente não se une a eles para não comprometer o trabalho do governo. Fazemos a opção de arriscar uma eleição, para fazer um bom governo. Quando você não tem o comando da cidade e deve favores a outras pessoas, isso se perde nos milhares de interesses.
CSRR: Corre um boato que você vai ser candidato a prefeito de Itatiaia. Isso é verdade?
Silvio: Deixou de ser um boato e passou a ser um movimento de pessoas e partidos me convidando. Mas eu não sei ainda o que vai acontecer. Ganhar um governo com muitos compromissos custa caro ao cidadão. Não vale a pena ganhar a eleição a qualquer custo. Mas tem muita coisa boa sendo feita em Resende e temos que ajudar. Ajudamos a trazer o Restaurante Popular, o asfalto para o acesso oeste, a estrada parque de Mauá está aí, projeto do meu governo, mas infelizmente tem muita coisa que deixamos e ainda não foi terminada: a policlínica da Cidade da Alegria vai fazer três anos, os ginásios da Cidade da Alegria e do Surubi, a creche escola da Morada do Contorno, isso encarece a obra e penaliza a população.
CSRR: Porque não existe uma continuidade das obras iniciadas nos governos anteriores? Visto que o Acesso Oeste ainda não foi finalizado.
Silvio: É uma obra muito cara para o município. Nós gastamos quase dez milhões do Estado, a prefeitura entrou com vinte por cento disso. E quando eu assumi a prefeitura o governo anterior disse que tinha iniciado a obra com os pilares, mas não tinha sido pago. Nós tivemos que pagar dois milhões para a empresa. Se não a obra não teria continuidade e perderíamos o convênio. Foram muitas brigas por. Por isso é tão importante a pessoa ter a capacidade de gerar projetos. A duplicação da ponte (na entrada de Resende), o projeto foi iniciado no meu governo. Estava dentro do nosso plano viário. Só que o nosso era diferente desse (que está em prática) e esse é diferente até da lei que o governo aprovou. Por isso não mexemos no trânsito. Tinha um projeto e prioridades. Não adianta fazer asfalto sem drenagem e recapear avenidas sem mexer no asfalto por baixo. Obras de baixa qualidade, dá bastante manutenção. As empresas adoram isso. A população queria asfalto. E fizemos bem feito. Mas com todas as críticas eu desanimei na eleição, porque tínhamos trazido tantos empreendimentos para cidade e fomos mal compreendidos, porque tinham muitos caminhões passando por dentro da cidade e causando muito transtorno. Deu pra realizar muita coisa, mas não divulgamos isso. Perdemos a eleição por mil votos e no final do governo eu poderia contratar duas mil pessoas.
Continua...
Quarta-Feira a segunda parte da Entrevista.
O público formador de opinião ouviu atento ao ex-prefeito
Silvio parece que foi muito sincero, mas não sei não...
ResponderExcluirEle nunca admitiu um erro.