Ulysses Guimarães dizia que, no Brasil, somente os 3P é que iam para a cadeia: pobres, pretos e putas. Mudou alguma coisa de Ulysses Guimarães até hoje? Quantos pobres e pretos foram processados por causa de um canarinho na gaiola? Quanta dona de casa, não importa a cor, foram ameaçadas de prisão por causa do papagaio de estimação? Quantos Josés e quantas Marias, principalmente na nossa zona rural, já não sofreram algum constrangimento por causa deste tipo de crime ambiental? Não defendo este tipo de crime, mas defendo tratamento pelo menos igual para todos eles, proporcionalmente a gravidade de cada um. Uma coisa é ter um canarinho em casa, outra coisa completamente diferente é lançar, criminosamente, toneladas de carga tóxica no rio que abastece o Estado do Rio de Janeiro.
No início deste ano, um outro José, que não é o do passarinho na gaiola, foi pego com a boca na botija, negociando descarte de material tóxico. Dias depois desta negociação, um jornal da cidade flagrou um caminhão lançando toneladas de chorume de origem industrial em uma estação (desativada) de tratamento de esgoto. E agora, José? José, que não é o do passarinho, mas tem advogados pagos com o dinheiro público, será processado criminalmente? Afinal, tudo começou com ele.
José Rechuan pode até não ter passarinho em casa, mas tem muitas explicações a dar. Por que não abriu um processo administrativo para tratar do pedido do seu amigo de Volta Redonda? Para quem ele encaminhou o assunto? Será que ele também não sabia que o contrato de concessão de água e esgoto é apenas e exclusivamente para Resende? Em momento algum, ele, o prefeito de Resende, teve pelo menos a curiosidade de saber como o assunto estava sendo tratado? Quanto mais a prefeitura de Resende explica, mais ela se complica.
A entrevista dada pelo funcionário da Águas das Agulhas Negras, demitido por ter denunciado a farsa do chorume ao jornal Beira Rio, de 24/2/12, é um marco no jornalismo regional. Primeiro, temos que continuar elogiando a postura firme do jornal Beira Rio. Jornalismo não é só denunciar, mas também apurar. E isto o Beira Rio está fazendo com competência. Da mesma forma, está fazendo o nosso jornal, O Ponte Velha, abrindo espaços para que o governo Rechuan se pronuncie a respeito, não só deste caso do chorume, mas de todos os outro que envergonham o nosso município. Resende não merece isso. O cidadão resendense, nascido aqui ou vindo de fora, precisa ser respeitado. Chega de mentiras, chega de tramóias, chega de armações. Nossa cidade não é Brasília, com todo respeito ao cidadão brasiliense, onde se respira mentiras e falsidades políticas por todos os lados.
O funcionário demitido pela Águas das Agulhas Negras merece todo o nosso respeito e a nossa proteção. Não podemos deixar que ele sofra qualquer tipo de ameaça ou constrangimento. O Instituto Agulhas Negras (INAN), do qual faço parte, já colocou seus advogados à disposição deste cidadão brasileiro e resendense. Cidadão com C maiúsculo, que perdeu o emprego, mas não perdeu a sua dignidade. Se mais pessoas agissem como ele, esta cidade e este país seriam muito melhor.
“MENTIRAM-ME . MENTIRAM-ME ONTEM E HOJE MENTEM NOVA/MENTE. MENTEM DE CORPO E ALMA, COMPLETA/MENTE. E MENTEM DE MANEIRA TÃO PUNGENTE, QUE ACHO QUE MENTEM SINCERA/MENTE. NÃO MENTEM TRISTES. ALEGRE/MENTE MENTEM. MENTEM TÃO NACIONAL/MENTE QUE ACHAM QUE MENTINDO HISTÓRIA AFORA VÃO ENGANAR A MORTE ETERNA/MENTE. (A Implosão da Mentira, Affonso Romano Sant’Anna)
Eliel de Assis Queiroz
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