Paulo Dimas
Economista natural de Volta Redonda, Vinicius Paiva é editor do blog Teoria dos Jogos, que analisa o esporte sob a ótica do marketing esportivo, ao mesmo tempo em que realiza um trabalho de "pesquisador de pesquisas", segundo definição do próprio. Com base em dados da Ferj, ele montou um ranking sobre a média de público do Carioca 2012 que aponta o Resende como melhor colocado entre os clubes pequenos, quinto no geral (coincidentemente a mesma posição que ocupa na tabela de pontos na classificação geral). Já o Voltaço é o 11º em média de torcedores nas arquibancadas.
No entanto, o blogueiro faz um alerta: a média de público dos pequenos está intimamente ligada aos jogos que fazem contra os grandes. Analisando apenas os jogos disputados entre os clubes de menor investimento, a coisa seria muito pior. Desde o início do campeonato foram feitas três análises e em todas elas os grandes clubes se alternaram na parte de cima da tabela. A posição do Resende é quase sempre a mesma, assim como a do Voltaço.
Os números
O Gigante do Vale tem média de 1.578 pagantes, com renda de R$ 27.984,55. O líder é o Fluminense, seguido de perto pelo Vasco. O Flamengo vem logo abaixo, com o Botafogo em quarto lugar. Em sexto lugar está o Americano, com 1.450 de público e R$ 30.904,50 de renda.
Por apenas dois torcedores o Friburguense é o sétimo, pois teve média de 1.449 torcedores e atingiu R$ 29.122,00 em renda. Apesar da fraca campanha, o Bangu teve até o momento média de 1.233 pagantes, com renda em torno de R$ 25.345,00.
O economista, no entanto, faz uma projeção pouco mais otimista para o futuro, sem deixar de criticar a atual fase das arquibancadas:
- Com o advento das fases finais da Taça Rio - e caso não haja um campeão antecipado, como nas duas últimas temporadas - certamente a média de público será superior a 3 mil pagantes por jogo. A renda também tende a subir: atualmente ela é de aproximadamente R$ 60 mil por partida. Pouco. Muito pouco para um campeonato de tamanha tradição - com clubes e torcidas tão grandes - escreveu.
Em uma análise mais aprofundada sobre os dois clubes da região - feita especialmente a pedido do DIÁRIO DO VALE (ver mais abaixo) - o blogueiro faz uma ressalva importante ao mostrar que a situação dos clubes de menor investimento nas arquibancadas é mesmo crítica. Obviamente os resultados ainda não são definitivos e a tabela das melhores médias pode ser alterada, assim como a da classificação por pontos.
Muita água ainda vai rolar até a semifinal da Taça Rio, mas é importante que as torcidas dos times da nossa região compareçam e tirem a má impressão que o Campeonato Estadual está deixando nas arquibancadas. O fraco desempenho dos pequenos nas arquibancadas e dentro de campo são os principais argumentos de forças que já se movimentam para mudar a fórmula do torneio, que pode culminar no corte de alguns participantes. Os critérios para a tesoura é que preocupam.
Clube - Público (Pagante) Médio - Renda Média
Fluminense 7.137 R$ 213.468,33
Vasco 7.088 R$ 214.788,75
Flamengo 6.542 R$ 170.768,64
Botafogo 4.769 R$ 121.679,55
Resende 1.578 R$ 27.984,55
Americano 1.450 R$ 30.904,50
Friburguense 1.449 R$ 29.122,00
Bangu 1.233 R$ 25.345,00
Nova Iguaçu 1.164 R$ 23.310,45
Duque 1.053 R$ 19.921,00
Volta Redonda 978 R$ 19.362,78
Bonsucesso 947 R$ 19.480,50
Madureira 824 R$ 17.571,00
Macaé 779 R$ 15.916,50
Boavista 615 R$ 10.655,91
Olaria 585 R$ 10.642,50
Um orgulho... ou outro fiasco?
Por Vinicius Paiva*
Não é segredo que o Campeonato Estadual do Rio de Janeiro atravessa um de seus piores momentos: sua média de público é pouco superior aos 2.300 pagantes. A maioria das partidas é deficitária, muito pela profusão de times de menor investimento que puxam para baixo as médias do outrora "mais charmoso dos Estaduais". Tendo isto em mente, pode-se dizer que o Resende - caçula entre os times da região na elite do carioca - até vem fazendo um papel digno. O clube é o 5º colocado na média de público (1.578), só perdendo para Fluminense, Vasco, Flamengo e Botafogo.
Porém, dependendo do ponto de vista, tais números podem ser ilusórios. As médias do Resende são concentradas em dois bons públicos, contra Botafogo e Flamengo. Se desconsiderados estes jogos, o clube fica ainda pior que o Voltaço:
Botafogo x Resende - Renda: R$ 101.730,00 / Público pagante: 6.148
Resende x Olaria - Renda: R$ 1.910,00 / Público pagante: 171 **
Macaé x Resende - Renda: R$ 3.260,00 / Público pagante: 222
Resende x Bonsucesso - Renda: R$ 1.100,00 / Público pagante: 90 **
Nova Iguaçu x Resende - Renda: R$ 6.340,00 / Público pagante: 508
Resende x Madureira - Renda: R$ 2.530,00 / Público pagante: 208 **
Resende x Flamengo - Renda: R$ 168.765,00 / Público pagante: 8.609
Resende x Friburguense - Renda: R$ 2.970,00 / Público pagante: 200
Resende x Fluminense - Renda: R$ 12.060,00/ Público pagante: 659
Friburguense x Resende - Renda: R$ 6.155,00 / Público pagante: 455
Resende x Boavista - Renda: R$ 1.050,00 / Público pagante: 85 **
** Jogos com mando no Estádio do Trabalhador, em Resende
É evidente que pesa o fato de mandar partidas fora de casa (no Estádio da Cidadania ou até mesmo em Edson Passos, frente ao Friburguense). Além disso, trata-se de um clube de que voltou ao futebol profissional recentemente, sem a solidificação de toda uma geração de torcedores. No entanto, nada justifica a média de 138 pagantes nas partidas jogadas em pleno Estádio do Trabalhador. O que nos leva a concluir que muito do que foi dito com relação ao Volta Redonda também se aplicaria ao Resende.
* Vinicius Paiva, voltarredondense, é colunista do Blog Teoria dos Jogos do Globoesporte.com. Escreve sobre marketing esportivo e pesquisas de torcida. E-mails para teoriadosjogos@globo.com. Twitter: @vpaiva_ge
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