Créditos: Lúcia Pires
Uma confusão entre os vereadores da Câmara Municipal de Resende está causando discórdia sem procedentes na cidade. É que há dois anos o ex-vereador e atual presidente do Partido Verde da região, Fernando Menandro, foi à Câmara pedir ao então presidente da Casa, Luiz Fernando de Oliveira Pedra (PV), para que a Avenida Nova Resende fosse rebatizada com o nome do comerciante e poeta resendense Elias Atta, falecido em março de 2007, aos 90 anos.
No último dia sete de abril, Pedra fez uma indicação verbal na Câmara sugerindo que o calçadão recentemente construído na Beira-rio, próximo à Avenida Nova Resende, fosse batizado com o nome de Elias Atta. Sua indicação foi aprovada por unanimidade. Para surpresa de todos, porém, no último dia três, o vereador Mirim (DEM), em conjunto com o atual presidente da Casa, Kiko Besouchet (PP), apresentou um projeto de lei dando ao mesmo local o nome de Calçadão Pastor Genecy Jardim Farizel, em homenagem a um pastor evangélico, falecido em outubro do ano passado, que fundou a Igreja Batista que fica próxima ao mesmo calçadão.
Os moradores do Campos Elíseos, inconformados com a atitude dos parlamentares, se movimentaram em redes sociais como Facebook e Twitter - além de blogs - para discutir o tema. Muitos são a favor de que o nome seja o do poeta resendense, enquanto outros acham que, apesar do pastor só ter vindo para cidade na década de 1980, ele também é merecedor da homenagem, e ainda existem aqueles que defendem que os vereadores deveriam respeitar a ordem cronológica de suas próprias proposições.
Para Menandro, a ordem cronológica das sugestões deveria ser respeitada, porque os dois candidatos são merecedores da homenagem e as famílias não deveriam passar pelo constrangimento de assistir seus entes queridos serem postos em dúvida quando ao merecimento.
- Quando o calçadão da Albino de Almeida recebeu o nome de José Sarkis, eu fui com a filha do Elias, a Eliane, até o vereador Pedra para pedir que ele fizesse essa homenagem ao pai dela porque ele foi um grande resendense. O parlamentar foi muito receptivo. Isso foi há dois anos, e naquela época não havia calçadão algum, então argumentei que o nome Nova Resende não queria dizer nada e que seria interessante rebatizar a avenida com o nome de uma pessoa que sempre amou o município e passou sua vida inteira aqui escrevendo lindos poemas para Resende. Quem teve o privilégio de conhecer Elias Atta sabe do que estou falando.
O rio Paraíba do Sul passava pelo quintal da casa dele, e quando construíram a Avenida Nova Resende parte da área foi desapropriada. Ele nadava no rio, remava, criou seus filhos aqui, e além de tudo foi um grande poeta. O Pedra concordou com a nossa sugestão e ficou de apresentá-la na Câmara - explicou Menandro, que não deixou de elogiar Genecy.
- O pastor era uma pessoa doce, maravilhosa, ajudou muita gente, mas essa comparação está fora de questão. Ele veio para Resende na década de 1980. Conheço a história do Genecy também, mas acho que os vereadores deveriam respeitar a ordem cronológica. A indicação do nome do Elias Atta foi feita primeiro, isso deveria ser respeitado - defendeu.
Desconfiança
Já de acordo com um morador do Campos Elíseos - que pediu para não ser identificado -, o resendense precisa parar e pensar o porquê dos vereadores terem proposto dois nomes para batizar um mesmo logradouro público.
- Acho que alguns vereadores, não todos, estão visando quem dá mais voto. Ano que vem teremos eleição, e quem dá mais voto? Os fiéis da igreja em que o pastor trabalhava ou os amigos do poeta? O que os vereadores não estão levando em consideração é que esse poeta era resendense e muito amado por todos. Isso é um desrespeito que estão fazendo não só com a família dele, porque a indicação do nome foi feita primeiro, como também para todos os resendenses nascidos aqui. Mas isso eles vão descobrir nas urnas - disse o indignado morador.
Resendenses entre a história e a religião
Elias Atta
Nasceu em Resende em 1916, e contou a história da cidade através de suas poesias. Acompanhou o desenvolvimento do município, como quando a luz elétrica chegou a Resende. Casou e criou seus filhos no Campos Elíseos. Apesar de ter cursado somente até a quarta série primária, construiu sonetos de grande valor linguístico e que relatam a história da cidade que não está registrada nos livros de História.
Genecy Jardim Farizel
Lecionou no Instituto Batista Resendense e no Colégio Agulhas Negras. Teve seu trabalho junto à igreja e a comunidade reconhecido, recebendo homenagens e títulos como o de Cidadão Mageense (Magé-RJ) e Profissional Emérito, em Resende.
Atuou na Primeira Igreja Batista em Resende por 11 anos, além de ter dirigido outras - como a Igreja Batista Central de Resende -, e organizado a Igreja Batista do Parque Embaixador.
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