terça-feira, 3 de maio de 2011

Zé Renato, fundador do Arena, morre aos 85 anos


Morreu, na madrugada desta segunda-feira, em São Paulo, o ator e diretor José Renato Pécora, aos 85 anos. Após atuar na sessão de domingo do espetáculo “12 Homens e Uma Sentença”, ele jantou no restaurante Planetas e, depois de ter sido deixado na rodoviária para voltar ao Rio, sofreu um infarto.
Diretor interessado na pesquisa das linguagens teatrais e em pensar o teatro como forma de engajamento e resistência, Zé conquistou o reconhecimento das novas gerações pela atuação em “12 Homens…”, em cartaz desde novembro de 2010, com direção de Eduardo Tolentino.
Apresentado ao conceito da arena por Décio de Almeida Prado, seu professor na EAD, da USP, partiu da ideia para fundar o grupo Teatro de Arena. Com preços acessíveis e a intenção de produzir uma arte brasileira, era uma contraposição ao teatro caro e europeizado da época. Geraldo Mateus, Henrique Becker, Sergio Britto, Renata Blaunstein e Monah Delacy, também integraram a companhia. A primeira montagem foi “Esta Noite É Nossa”, de Stafford Dickens, em 1953.
No próximo ano, a companhia lançaria o histórico espaço no número 94 da rua Teodoro Baima.  O local – que existe até hoje – fomentou a experimentação e o teatro político e militante das próximas décadas e serviu de berço para inúmeros autores e grupos, dando um forte tom brasileiro à produção das artes cênicas no país.
Por lá, ministrando cursos, atuando e fazendo a história do teatro, gravitaram pessoas como Augusto Boal, Gianfrancesco Guarnieri, Oduvaldo Vianna Filho, Milton Gonçalves, Vera Gertel, Flávio Migliaccio, Floramy Pinheiro, Riva Nimitz, Heleny Guariba, Paulo José, Dina Sfat, Joana Fomm, Juca de Oliveira, João José Pompeo, Lima Duarte, Myrian Muniz, Isabel Ribeiro, Lélia Abramo, Dina Lisboa e Renato Consorte.
Cinco anos após o fim do grupo, que aconteceu em 1972, por perseguição da ditadura militar, o local foi comprado pelo Serviço Nacional de Teatro (SNT). No início dos anos 1990, recebeu o nome de Teatro Experimental Eugênio Kusnet, e de certa forma continua dando sequência ao trabalho de Zé, ao abrigar elencos de pesquisa da linguagem teatral.
Leia mais sobre o Teatro de Arena: http://www2.uol.com.br/teatroarena/arena.html


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