quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

CIDADES: AS APARÊNCIAS ENGANAM


Assinei, na condição de pré-candidato à prefeitura de Resende, a carta compromisso do programa “cidades sustentáveis”. Se você não conhece ainda esta plataforma, vale a pena conhece-la em www.cidadessustentaveis.org.br. Cidades, assim como as pessoas, são organismos vivos, elas nascem, crescem e muitas vezes também morrem. É longa a lista de cidades mortas, ao longo do tempo, inclusive no Brasil. Pessoas podem aparentar sinais exteriores de bem estar e não gozar de boa saúde. Cidades também. Uma pessoa pode ter boa aparência e apresentar glicose elevada, desvio de coluna, hipertensão e uma série de problemas que comprometem a sua qualidade de vida. Uma cidade também pode ter suas ruas asfaltadas, praças bem cuidadas, prédios reformados e apresentar sérios problemas de governança: taxa de homicídios elevada, tempo de espera nos postos de saúde acima do normal, índice de mortalidade infantil alto, índice de morte por câncer acima dos padrões aceitáveis, entre outros problemas que afetam a qualidade de vida das cidades.
Para saber se uma pessoa está bem ou não, apelamos para os exames, geralmente aqueles que são avaliados por indicadores numéricos: 38 de temperatura; 110 de glicose; 12 por 8 de pressão arterial. Também existem indicadores numéricos para avaliar a qualidade de vida das cidades. É isso que diferencia o modelo de gestão baseado na metodologia cidades sustentáveis, do modelo antigo que era baseado apenas na percepção, no “eu acho que”. Neste novo modelo, existem 300 índices de avaliação de cidades, que pode aumentar na medida dos anseios da população. Resende ainda é avaliada de forma subjetiva e não objetiva. Um morador de um bairro onde a prefeitura realizou obras pode achar que o governo municipal é bom. Um outro, de outro bairro, que não teve a mesma sorte, pode achar que o governo é ruim. Como é muito difícil que todos os moradores tenham conhecimento de tudo o que está acontecendo em todos os bairros, é muito pouco provável que o cidadão faça uma avaliação justa do governo. É aí que entra o novo modelo de gestão. Neste, ninguém engana ninguém. Os indicadores e metas de avaliação do governo estão permanentemente exibidos na rede social e na mídia, qualquer um pode acessá-los a qualquer momento.
Um indicador de desempenho da gestão pública, apresentado isoladamente, não é suficiente para uma análise conclusiva. O Brasil, por exemplo, ultrapassou a Inglaterra e hoje é a sexta economia do mundo. Ótimo. Mas o Brasil tem uma renda per capita de US$ 12 mil, enquanto a inglesa é de US$ 40 mil. Quem está melhor? A renda per capita da China, segunda maior economia do planeta, é de apenas US$ 5.183, muito menor que a do Brasil.
O mais importante disso tudo, é que não existe mais como avaliar o desempenho dos governos apenas pelas aparências, pelo que vimos e ouvimos, é preciso muito mais que isso. Um prefeito pode criar a ilusão de que está fazendo um bom governo e não está.
Vale a pena lembrar que este ano o Brasil irá sediar o mais importante evento sobre sustentabilidade do planeta, que é a Rio+20, vinte anos depois da Rio-92. Não temos, cidadãos e gestores públicos, o direito de errar mais na condução dos nossos destinos. Recursos naturais são finitos, e não infinitos. O planeta não é inesgotável, não irá suportar o consumo e o crescimento desgovernado, como sempre ocorreu. Resende não pode e não deve ficar alheio e esses acontecimentos. Temos pela frente um enorme desafio que é conciliar o nosso crescimento econômico com a nossa qualidade de vida. Isso não é impossível, mas tem que ter regras, tem que ter participação de toda a sociedade, tem que respeitar o nosso meio ambiente social, ambiental, cultural e econômico. Esses são os nossos desafios, e são esses também os motivos que me levaram a assinar a carta compromisso, na condição de pré-candidato, por uma Resende justa, fraterna e sustentável.

Noel de Carvalho
Presidente do PMDB/Resende e pré-candidato a prefeito


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