Calma, eu não odeio ninguém. O título acima veio da internet. O próprio coordenador de redes sociais do prefeito Rechuan o utiliza com freqüência, sempre que ele não consegue explicar o inexplicável, como este mais novo escândalo.
Não tenho ódio de ninguém, mas se existe algum sentimento entre indignação e ódio, é isso que estou sentindo neste momento. Veja porque.
O jornal Beira Rio flagrou um caminhão tanque despejando uma carga de material tóxico, chorume de origem industrial, em uma estação de tratamento de esgoto de Resende. Vamos aos detalhes sórdidos. Este caminhão recolheu este material de uma indústria, ou seja, de uma empresa privada de Volta Redonda. Segundo os dados divulgados pelo jornal, o contrato entre a transportadora e a indústria geradora da carga tóxica é de R$ 100 mil reais. Uma empresa privada contrata uma outra empresa privada, ambas de fora do município, para transportar carga tóxica, e este material é lançado na rede pública da Prefeitura de Resende. Perceberam a gravidade do fato? Mas a sordidez não para por aí. A estação de tratamento que recebeu esta carga tóxica não é para tratar resíduos industriais, mas apenas esgoto doméstico. E tem mais, a estação está desativada. Isso significa dizer que pelo menos 20.000 litros de veneno foram lançados diretamente no Rio Paraíba do Sul. Ou por omissão, ou por conivência, ou por cumplicidade, ou tudo isso junto, da Prefeitura de Resende. Crime ambiental grave, supostamente seguido de outros, com indícios de formação de quadrilha.
Não estou inventando nada, está tudo no site do jornal, com fotos do caminhão fazendo a descarga na estação desativada; vários funcionários acompanhando a operação; cópia da nota fiscal com indícios grosseiros de falsificação, além de uma ave silvestre morta no local do vazamento da carga. Está tudo lá, para a nossa indignação.
Em pleno século 21, no ano da sustentabilidade no Brasil, quando todo mundo, a começar pelas crianças, sabe a importância da preservação e do respeito ao meio ambiente, um fato como este explode em Resende, com um efeito tão devastador e impactante como um atentado à bomba.
A Prefeitura de Resende emitiu uma nota para o jornal dizendo que não sabia de nada e que isso era responsabilidade da concessionária dos serviços de água e esgoto. Quem concedeu o serviço foi a prefeitura; quem nomeou o presidente da agência que deveria fiscalizar a concessionária foi o prefeito Rechuan. Portanto, alguém precisa explicar ao prefeito que um dos preceitos administrativos mais importantes é aquele que diz que responsabilidade não se delega. Isso é universal.
E a câmara de vereadores de Resende, o que está esperando para abrir uma comissão parlamentar de inquérito? Por mais que o prefeito diga que irá apurar o caso, quem deve assumir este papel, também, é o legislativo municipal. Ou os vereadores irão preferir preservar seus anéis. Se isso acontecer, a resposta será dada nas urnas, amparada por uma maciça campanha nas redes sociais. Se eu fosse vereador de Resende, não pagaria pra ver.
Resende não merece um governo que diz que não sabia de nada; a população de Resende merece mais respeito; o Rio Paraíba do Sul, exatamente aquele que nos abastece com a sua água, merece mais respeito.
O lado positivo deste escândalo, se é que um absurdo como este pode ter lado positivo, é desmascarar aqueles que se apresentam como gestores públicos competentes, que dizem primar pela saúde pública e pela boa gestão de Resende. Como? Jogando veneno na água que nós bebemos. Isso é caso de polícia, do Ministério Público, do IBAMA, da Secretaria Estadual do Meio Ambiente, mas, principalmente, da população de Resende, que não pode deixar passar em branco um triste e grave episódio como este.
Do jeito que os escândalos estão se sucedendo, o prefeito Rechuan está correndo o sério risco de ver transformado em realidade o bordão do seu coordenador de redes sociais.
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