Essa, sem dúvida, foi uma das semanas mais agitadas que me recordo na política nacional — e o mais inquietante é como isso tudo reflete uma democracia em desequilíbrio.
1. Lula contorna o Congresso e aumenta o IOF
O presidente teve um decreto para elevar o IOF barrado pelo Congresso, mas rapidamente recorreu ao STF. Com uma liminar do ministro Alexandre de Moraes, o imposto voltou à ativa, representando um peso a mais no bolso da população. É como se Lula dissesse: “Posso aumentar imposto quando quiser, mesmo se o povo repudiar”. Isso me faz pensar: onde estão os freios e contrapesos num cenário desses?
2. Veto às novas cadeiras na Câmara
Enquanto driblava o Parlamento para arrecadar mais, ele vetou o projeto que aumentaria a representação da Câmara de 513 para 531 deputados — a justificativa oficial foi “falta de recursos”. Mas se verba existe para expropriar a renda popular via imposto, por que não há para dar voz à periferia, ao Norte e ao Centro‑Oeste? O governo parece priorizar arrecadar, não representar.
3. Bolsonaro vive semana de choque e a tensão institucional explode
Quase simultaneamente, Bolsonaro virou alvo de uma dura ofensiva do STF e da PF. Houve busca e apreensão em sua residência e na sede do PL, com apreensão de dinheiro e pen drive. Em seguida, foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica, cumprir recolhimento domiciliar, não usar redes sociais, não falar com diplomatas nem com seu filho Eduardo. A Corte justificou pelo risco de fuga e tentativa de interferência via lobby e “tarifaço” americano.
E não parou por aí: o STF também barrou qualquer comunicação com figuras-chave e diplomatas, como parte de combate a um suposto plano golpista. Foi um verdadeiro cerco institucional — medidas que, para boa parte do apoio polêmico ao ex-presidente, soam como “suprema humilhação”.
4. O cenário geral
Três acontecimentos interligados: Lula utiliza o STF para financiar o governo às custas da população e bloqueia uma medida que corrigiria o desequilíbrio político; e, ao mesmo tempo, a mesma Corte e a PF agem para conter Bolsonaro com medidas severas. A mensagem que fica é clara — e assustadora: algo mudou na balança institucional brasileira.
Isso nos força a refletir: estamos diante de um presidencialismo de efeitos reforçados, onde o Supremo atua como coadjuvante do governo na arrecadação e repressão, e o Congresso se vê diminuído. O cidadão, em última análise, é quem paga a conta — em imposto, em representação e, talvez, em liberdade política.
Essa foi, sem dúvida, uma semana marcante na política. E a pergunta que fica para nós, que ainda acreditamos na democracia, é: Até quando vamos permitir esse desequilíbrio de forças?