sábado, 19 de julho de 2025

Semana turbulenta: Lula avança por decreto e STF aperta Bolsonaro


Essa, sem dúvida, foi uma das semanas mais agitadas que me recordo na política nacional — e o mais inquietante é como isso tudo reflete uma democracia em desequilíbrio.

1. Lula contorna o Congresso e aumenta o IOF 

O presidente teve um decreto para elevar o IOF barrado pelo Congresso, mas rapidamente recorreu ao STF. Com uma liminar do ministro Alexandre de Moraes, o imposto voltou à ativa, representando um peso a mais no bolso da população. É como se Lula dissesse: “Posso aumentar imposto quando quiser, mesmo se o povo repudiar”. Isso me faz pensar: onde estão os freios e contrapesos num cenário desses?


2. Veto às novas cadeiras na Câmara

Enquanto driblava o Parlamento para arrecadar mais, ele vetou o projeto que aumentaria a representação da Câmara de 513 para 531 deputados — a justificativa oficial foi “falta de recursos”. Mas se verba existe para expropriar a renda popular via imposto, por que não há para dar voz à periferia, ao Norte e ao Centro‑Oeste? O governo parece priorizar arrecadar, não representar.


3. Bolsonaro vive semana de choque e a tensão institucional explode

Quase simultaneamente, Bolsonaro virou alvo de uma dura ofensiva do STF e da PF. Houve busca e apreensão em sua residência e na sede do PL, com apreensão de dinheiro e pen drive. Em seguida, foi obrigado a usar tornozeleira eletrônica, cumprir recolhimento domiciliar, não usar redes sociais, não falar com diplomatas nem com seu filho Eduardo. A Corte justificou pelo risco de fuga e tentativa de interferência via lobby e “tarifaço” americano.

E não parou por aí: o STF também barrou qualquer comunicação com figuras-chave e diplomatas, como parte de combate a um suposto plano golpista. Foi um verdadeiro cerco institucional — medidas que, para boa parte do apoio polêmico ao ex-presidente, soam como “suprema humilhação”.


4. O cenário geral

Três acontecimentos interligados: Lula utiliza o STF para financiar o governo às custas da população e bloqueia uma medida que corrigiria o desequilíbrio político; e, ao mesmo tempo, a mesma Corte e a PF agem para conter Bolsonaro com medidas severas. A mensagem que fica é clara — e assustadora: algo mudou na balança institucional brasileira.


Isso nos força a refletir: estamos diante de um presidencialismo de efeitos reforçados, onde o Supremo atua como coadjuvante do governo na arrecadação e repressão, e o Congresso se vê diminuído. O cidadão, em última análise, é quem paga a conta — em imposto, em representação e, talvez, em liberdade política.


Essa foi, sem dúvida, uma semana marcante na política. E a pergunta que fica para nós, que ainda acreditamos na democracia, é: Até quando vamos permitir esse desequilíbrio de forças?

quarta-feira, 16 de julho de 2025

Noel de Carvalho será candidato a deputado federal


A possível candidatura de Noel de Carvalho a deputado federal em 2026 tem movimentado e surpreendido os bastidores da política fluminense. Nome conhecido em Resende e em todo o Sul do estado, Noel construiu uma trajetória sólida, com passagens pela Prefeitura de Resende, pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e pela Câmara dos Deputados.

Com décadas de vida pública, Noel traz uma bagagem de experiência administrativa e legislativa que o credencia a disputar novamente uma vaga no Congresso Nacional. Sua eventual eleição marcaria o retorno de um político tradicional do interior do estado à cena federal, algo que muitos consideram necessário diante da atual representação da região.

No entanto, o caminho até Brasília não será simples. Muitos achavam que Noel seria candidato a deputado estadual, mas com Renan Marassi, Sandro Ritton e o vice-prefeito Davi do Esporte na disputa ele achou melhor tentar o retorno a Câmara onde foi constituinte.

Entre os possíveis concorrentes, está o ex-prefeito de Resende Diogo Balieiro, que deve disputar uma das cadeiras de deputado federal. Diogo encerrou seus mandatos com boa avaliação e mantém uma base política sólida, o que pode dividir votos importantes na região, especialmente no eleitorado resendense. Alguns até arriscam que pela popularidade Diogo já “estaria eleito” e “brigar com ele” nas urnas é perda de tempo.

A eleição promete ser competitiva, e a presença de dois nomes fortes da política local pode influenciar diretamente na dinâmica da disputa. De um lado, a experiência e o capital político acumulado por Noel ao longo dos anos; do outro, a força de uma liderança mais recente, com atuação marcada nos últimos anos no executivo municipal.

Ainda é cedo para prever os desdobramentos dessa disputa, mas o lançamento da pré-candidatura de Noel de Carvalho indica que as eleições de 2026 terão um cenário movimentado, com nomes de peso buscando espaço na representação federal.

terça-feira, 15 de julho de 2025

Ratinho Júnior pode ser o nome da vez — mas o caminho até o Planalto não será fácil


Desde o ano passado tenho observado com atenção os movimentos do governador do Paraná Ratinho Júnior. Discreto, mas estrategicamente bem posicionado, ele vem se consolidando como um dos nomes mais promissores para disputar a Presidência da República em 2026. E, sinceramente, faz sentido. O que ele entregou no Paraná o credencia, sim, a sonhar com voos mais altos. 


Ratinho transformou o Paraná em um dos estados mais organizados e eficientes do país. Seu governo apostou em inovação, infraestrutura e responsabilidade fiscal — e colheu os frutos. O estado é hoje referência em conectividade nas escolas públicas, segurança alimentar, investimentos em energia renovável e parcerias com o setor privado. O agronegócio seguiu forte, mas ele também abriu espaço para a indústria tecnológica e start-ups. Em resumo: enquanto muitos estados enfrentavam crises, o Paraná avançava com planejamento e entrega.


Essa boa gestão não passou despercebida. Internamente, seu partido, o PSD, já deixou claro que ele é o principal nome para uma candidatura própria à presidência. Gilberto Kassab, presidente da sigla, disse com todas as letras: “Ratinho só não será candidato se não quiser”. E, ao que tudo indica, ele quer. Tanto que, em 2025, o PSD começou a divulgar seu nome nacionalmente, por meio de inserções em rede nacional. Ele já conversa com empresários, líderes regionais e se aproxima cada vez mais dos eleitores do centro e da direita.


Outro trunfo importante — e que não pode ser ignorado — é a força da popularidade do pai, o apresentador Ratinho, figura conhecida e carismática da televisão brasileira há décadas. Carlos Massa, com sua imagem consolidada no imaginário popular, pode ser um importante cabo eleitoral nessa tentativa de nacionalizar o nome do filho. Em muitas regiões do país, o “Ratinho da TV” ainda é lembrado com simpatia, principalmente nas camadas populares. Isso pode ajudar, e muito, a abrir portas para Ratinho Júnior fora do eixo Sul-Sudeste.


Mas é aí que entra o ponto crucial da discussão: o caminho até o Planalto é tortuoso.


Primeiro, há a questão da visibilidade nacional. Embora muito conhecido no Sul e em parte do Sudeste, Ratinho ainda é um nome pouco popular no Norte e no Nordeste. Ele precisará acelerar sua exposição, conquistar confiança fora do seu reduto e mostrar que sua gestão no Paraná pode ser replicada em escala nacional.


Além disso, o cenário político é instável e altamente polarizado. A direita ainda orbita em torno do ex-presidente Jair Bolsonaro, e não se sabe se haverá espaço para um nome como Ratinho, que embora tenha perfil conservador, adota um tom mais moderado. Ele pode acabar espremido entre a lealdade bolsonarista e a resistência da esquerda. Ou pior: ser forçado a “escolher um lado” antes da hora, o que pode limitar sua construção de imagem como alguém que busca união e pragmatismo.

Ratinho Júnior tem potencial. É jovem, moderno, pragmático, tem resultados para mostrar — e, agora, também conta com o carisma de um sobrenome forte que pode impulsionar sua trajetória. Mas para chegar ao Palácio do Planalto, ele precisará sair da sombra do Sul e convencer o Brasil inteiro de que é mais do que um bom gestor estadual — que é também um líder nacional capaz de dialogar com diferentes forças e unir um país dividido.


Se vai conseguir? Ainda é cedo para cravar. Mas uma coisa é certa: ele entrou no jogo. E ninguém entra nesse jogo por acaso.

domingo, 13 de julho de 2025

Quando o vereador tem muito a esconder


Eu fico observando certos vereadores em silêncio sepulcral dentro da Câmara. Não fiscalizam, não apresentam propostas, não cobram melhorias e sequer têm coragem de se posicionar em temas importantes para a cidade. E sabe o que é pior? Foram eleitos com a promessa de representar o povo.

Mas como representar o povo quando se tem tanto a esconder?

A ausência de posicionamento muitas vezes é o disfarce da covardia. Ou pior: da conivência. Há vereadores que evitam os debates porque têm rabo preso, porque fizeram acordos escusos, porque temem que, ao levantar a voz contra os problemas, alguém levante a voz contra seus próprios podres.

A política, quando exercida com dignidade, é um ato de coragem. É subir à tribuna para defender o que é certo, mesmo que doa, mesmo que incomode. Mas tem vereador que se esconde atrás do mandato como quem se protege atrás de um biombo, achando que ninguém está vendo. Só que o povo está vendo, sim. E sente.

Sente a omissão no buraco da rua que nunca é consertado. Sente no posto de saúde sem médico. Sente na escola sucateada. Sente quando defende o indefensável. Sente quando não vê sua voz ecoando onde deveria.

E aqui vai um recado direto: quem não honra os votos que recebeu, trai a confiança popular. Quem se cala quando deveria falar, consente. E quem tem muito a esconder não merece estar na vida pública. Mandato é compromisso, não escudo. É transparência, não cortina de fumaça.

Chega de vereadores que só aparecem em época de eleição com sorriso ensaiado e promessas repetidas. O povo não é bobo. E cada vez mais está aprendendo a separar quem trabalha de quem se esconde.

E aí, o seu vereador tem coragem ou tem coisa pra esconder?

sábado, 12 de julho de 2025

Bacellar exonerou Washington Reis… e pode ter criado seu maior inimigo em 2026



Washington Reis está no jogo — e não como coadjuvante. Confirmou sua candidatura ao governo do Estado do Rio de Janeiro em 2026 e, com isso, virou uma pedra enorme no sapato de quem achava que já tinha o caminho livre para o Palácio Guanabara.

E aqui, não dá pra ignorar o movimento desastrado do então governador interino, Rodrigo Bacellar. Ao exonerar Washington da Secretaria de Transportes, achou que estava consolidando o controle do governo e eliminando um potencial concorrente. Só que pode ter cometido o que a gente chama, no jargão político, de tiro no pé.

Porque o que saiu pela porta dos fundos do Palácio não foi um ex-secretário. Foi um ex-prefeito influente, com base sólida na Baixada Fluminense, "dono" de parte do MDB e conhecedor das regras — e dos atalhos — do jogo político fluminense. E pior: saiu com sede de vingança e disposição para bater de frente.

Washington já deixou claro: não será vice de ninguém. E está certo de que vai disputar a cabeça de chapa. O recado a Bacellar foi direto. E mais: convidou Wladimir Garotinho, prefeito de Campos, para ser seu vice. Uma união de máquinas pesadas e estratégicas, que pode gerar um estrago enorme nas pretensões de quem está no poder hoje.

E não para por aí. Enquanto Bacellar e Washington trocam farpas e armam seus palanques, um terceiro nome avança no retrovisor: Eduardo Paes. O prefeito do Rio já deixou sinais de que pode disputar o governo do estado. E com ele no jogo, a briga que já era grande vira uma guerra.

Paes tem capital político, articulação nacional e o apoio de parte da elite carioca. Mas enfrentará resistência em regiões onde Washington e Bacellar nadam de braçada. Ou seja: o cenário que se desenha para 2026 não é de polarização — é de fragmentação. E quem errar agora, pode não ter segunda chance depois.

Bacellar, ao exonerar Washington, achou que estava limpando o terreno. Mas talvez tenha apenas jogado gasolina em uma fogueira que agora ele não consegue mais apagar. Criou, sem querer, o inimigo mais perigoso da disputa. E deu a Reis exatamente o que ele precisava: narrativa, vitimização e liberdade pra se articular.

O resultado? Três caciques no ringue: Bacellar com a caneta na mão, Paes com os holofotes da capital, e Washington Reis com a faca nos dentes. Todos querendo o mesmo trono. Todos querendo ser o dono do Rio.

A eleição começou mais cedo. E quem ainda está dormindo em berço esplêndido, achando que estrutura de governo garante voto, vai acordar em outubro de 2026 com a realidade batendo à porta.

sexta-feira, 11 de julho de 2025

Uma guerra tarifária injusta e perigosa para o Brasil


O anúncio de Donald Trump sobre a imposição de tarifas de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos veio como uma bomba. A decisão, que deve entrar em vigor no próximo dia 1º de agosto, é, no mínimo, temerária. E mais do que isso: é um gesto político disfarçado de medida econômica.

Trump, como já vimos tantas vezes no passado, usa a política comercial como ferramenta de vingança pessoal e retaliação ideológica. Neste caso específico, ele citou dois motivos principais para taxar o Brasil com tamanha agressividade: o desequilíbrio comercial entre os dois países (mesmo com os EUA tendo superávit nessa relação) e, mais absurdamente, uma tentativa de demonstrar apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente envolvido em um processo judicial.

Sim, você leu certo. O candidato republicano decidiu punir economicamente o Brasil por conta de tudo o que envolve Bolsonaro. Ele chamou o processo contra ex-presidente de “caça às bruxas” e decidiu agir como se o Brasil ainda estivesse sob a sombra do bolsonarismo.

O impacto disso é grave. Para o agronegócio brasileiro, por exemplo — especialmente as exportações de carne, soja e café — a tarifa de 50% representa um golpe duríssimo. Esses produtos já enfrentam concorrência global, e qualquer aumento de custo pode significar perda de mercado imediato. Para a indústria, setores como aço, alumínio e até farmacêuticos também serão afetados.

O mais triste é que esse tipo de guerra tarifária não tem vencedores. O Brasil perde, claro — porque terá queda nas exportações, poderá enfrentar fuga de investimentos e verá seus produtos encalharem ou desvalorizarem no exterior. Mas os próprios consumidores americanos também sentirão. Afinal, preços mais altos nas prateleiras e aumento do custo de vida são inevitáveis quando se fecha o mercado com barreiras artificiais. Por outro lado, nas prateleiras brasileiras o preço pode vir a cair. Com a dificuldade em exportar os produtores tendem a jogar esse produto por aqui mesmo e isso cria muita oferta e consequentemente o preço deve cair. É o famoso: é ruim, mas é bom.

Como brasileiro, me incomoda ver o nosso país sendo usado como peão em um tabuleiro eleitoral americano. Trump não está preocupado com o equilíbrio comercial. Ele quer palco. Quer agradar sua base mais radical. E, nesse teatro, escolheu o Brasil como alvo — justamente agora, quando tentamos reconstruir relações diplomáticas e comerciais mais equilibradas e respeitosas com o mundo, mesmo o presidente Lula escorregando nas falas e ações por muitas vezes.

Lula já afirmou que o Brasil vai responder, se for necessário, com medidas equivalentes, mesmo que nessa guerra o país perca mais que os americanos, mas não é disso que precisamos. Não agora. Lula não entende isso e não gosta de ser contrariado. Ainda mais quando Bolsonaro está envolvido. O mundo vive um momento delicado, de inflação global, tensões geopolíticas e mudanças climáticas que exigem cooperação, não confronto.

Espero que esse gesto unilateral e perigoso seja revisto. Que o Brasil mantenha firmeza, mas também sabedoria. E que a gente consiga, apesar de tudo, proteger nossa economia — e principalmente os trabalhadores e produtores que mais sentirão os efeitos dessa tarifa que, na prática, não é contra um governo ou um presidente, mas contra o nosso povo.


quinta-feira, 10 de julho de 2025

Vivendo com Pressa: A Ansiedade de um Tempo Acelerado



Outro dia me peguei lembrando de como era assistir televisão antigamente. Eu me sentava no sofá, e quando começava o intervalo, aproveitava pra ir ao banheiro, pegar um biscoito, beber uma água. E sabe o mais curioso? Ninguém reclamava. Em alguns momentos, eu até gostava dos comerciais. Era o tempo das coisas fluindo naturalmente, sem ansiedade. Tinha propaganda que durava cinco minutos — e tudo bem.


Hoje, não consigo mais esperar 15 segundos antes de um vídeo no YouTube. Pulo assim que posso. Fico impaciente. Maratono uma série inteira em um único fim de semana, sendo que, anos atrás, ela levaria meses pra terminar na TV aberta. Parece que perdi a capacidade de esperar. E, olhando em volta, percebo que não estou sozinho.


Vivemos num ritmo tão acelerado que mal damos conta de onde estamos. Tudo precisa ser agora. Tudo precisa acontecer pra ontem. Mas nessa correria, me pego pensando: será que não estamos passando pela vida sem realmente vivê-la?


Quantas vezes eu já acordei correndo, trabalhei no automático, deixei de olhar nos olhos das pessoas por estar sempre com pressa? E pior: quantas vezes discuti por bobagens, guardei mágoas pequenas como se fossem grandes, me afastei de quem amo por orgulho ou por falta de tempo?


A verdade é que a vida não espera. Ela é breve — e frágil. E, por mais clichê que pareça, é real: aquela pessoa que a gente ama pode simplesmente não estar mais aqui amanhã. E aí? Valeu a pena a briga? Valeu a pena virar o rosto? Valeu guardar aquele “eu te amo” só pra depois?


Sinto que, nessa pressa de viver, estamos nos aproximando do fim como se ele fosse um troféu. Mas o fim — todos sabemos — é o mesmo pra todos nós. E ele chega, cedo ou tarde. O que vai fazer diferença é o caminho. É o intervalo. É o que a gente faz entre o ponto de partida e a linha de chegada.


Por isso, venho tentando — com muito esforço, confesso — resgatar o valor dos intervalos. O silêncio entre uma música e outra. A pausa entre um episódio e outro. A conversa sem distração. O observar a paisagem. O filho brincando. O café compartilhado sem pressa. O perdão dito sem orgulho (esse é o mais difícil). A vida vivida sem aceleração.


Porque viver correndo, no fundo, é morrer aos poucos… sem perceber.


 

quarta-feira, 9 de julho de 2025

A importância da eleição do novo diretório nacional do PT para os próximos anos


No último domingo, aconteceu o processo de eleição do novo diretório nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), que definiu Edinho Silva como o novo presidente da sigla. Independentemente de preferências partidárias, é importante reconhecer que essa escolha tem implicações significativas para o cenário político brasileiro, especialmente no que diz respeito às próximas eleições municipais e, mais adiante, à corrida presidencial de 2026.

O PT é uma das maiores forças políticas do país. Seja na situação ou na oposição, influencia diretamente o debate público, as políticas sociais, econômicas e institucionais. Por isso, entender quem comanda o partido – e com qual linha política – ajuda a prever em que direção ele pretende caminhar.

A escolha de Edinho Silva, que tem histórico de gestão pública e experiência em articulação política, pode representar uma tentativa de fortalecer a organização interna do partido e alinhar estratégias mais pragmáticas de atuação. Isso é relevante em um momento em que os partidos tradicionais enfrentam desafios para se conectar com uma sociedade cada vez mais fragmentada e exigente.

Também vejo essa eleição como um termômetro do que se passa nas bases do partido. O processo interno mobilizou militantes, dirigentes estaduais e lideranças locais, e mostrou que o PT ainda busca formas de se reorganizar e se preparar para os embates eleitorais que virão. A direção eleita terá a missão de conduzir essa preparação, definir prioridades, construir alianças e renovar o diálogo com os diversos setores da sociedade.

É cedo para prever os impactos concretos dessa eleição, mas não dá para ignorar sua importância. A definição do novo comando do PT aponta caminhos, revela intenções e pode, sim, influenciar o rumo de disputas futuras — seja nos municípios, seja no cenário nacional em 2026.

Por hora, em Resende a chapa vencedora foi "Unidade e Transformação" e teve Cloves Alves (foto abaixo) eleito presidente com 107 votos. Parece um novo tempo para o PT em Resende.

Como observador da política, sigo atento. Essas movimentações internas, que muitas vezes passam despercebidas pela maioria, costumam dizer muito sobre o que está por vir.



terça-feira, 8 de julho de 2025

Força Municipal: Um novo caminho para a segurança nas ruas


Nos últimos quatros anos estive trabalhando na capital fluminense e tenho acompanhado com atenção a criação da Força Municipal de Segurança no Rio de Janeiro. Trata-se de uma iniciativa corajosa e necessária do prefeito Eduardo Paes (PSD). Em meio a tantos desafios que enfrentamos na área da segurança pública, ver o município assumir um papel mais direto no combate à criminalidade é algo que precisa ser debatido e, acima de tudo, valorizado.

Diferente da tradicional Guarda Municipal, que tem um papel fundamental na proteção dos bens públicos e na organização urbana, a Força Municipal surge como uma tropa de elite dentro da estrutura da guarda. Uma equipe treinada, armada, equipada com tecnologia e, sobretudo, preparada para atuar onde o crime afeta diretamente o cidadão comum: nos transportes, nas praças, nas escolas, nos pontos turísticos, nas regiões comerciais. Lembrando que ela não vai enfrentar o crime organizado, mas sim, combater o crime nas ruas, como roubo de celular, assalto a pedestres, etc. Essa força também não atenderá pelo 190 e só irá pra rua com uma missão definida para cada dia e em locais estratégicos.

O objetivo não é militarizar, nem sobrepor o trabalho da Polícia Militar ou da Civil. Pelo contrário: é fortalecer o elo entre o município e a segurança pública, oferecendo resposta rápida, atuação preventiva e presença constante. Tudo isso com transparência, câmeras corporais, treinamento de excelência e foco total em proteger quem mais precisa.

Esse modelo, que começa a ser implantado na capital, pode – e deve – ser visto como uma referência para outras cidades, inclusive as do interior. Muitas vezes, nas cidades menores, sentimos a ausência do Estado na segurança. Delegacias com estrutura precária, efetivo da PM reduzido, viaturas insuficientes e uma população que vive refém do medo, seja no campo ou na cidade.

Por que não adaptar essa ideia?

Claro que cada realidade exige um formato diferente, mas imaginem se nossas cidades pudessem criar grupos municipais de segurança preventiva, com guardas bem treinados, armamento legal e controle rígido. Esses agentes poderiam atuar de forma integrada com as polícias, oferecendo apoio nas áreas de maior vulnerabilidade, reforçando o patrulhamento escolar, protegendo áreas rurais e comerciais.

Além disso, a presença de uma guarda armada e qualificada pode ajudar a liberar as forças estaduais para ações mais complexas, enquanto o município cuida da ponta, da base, da rua. É ali que o cidadão precisa de ajuda. É ali que nasce a confiança no poder público.

Se queremos uma segurança pública eficiente, precisamos reconhecer que ela não é dever apenas do governo estadual ou federal. O município pode – e deve – fazer mais. O exemplo do Rio mostra que é possível inovar, assumir responsabilidades e colocar o cidadão no centro da política pública.

Quem vive nos bairros sabe onde o crime age. Quem está no interior conhece os pontos vulneráveis da cidade. O que falta, muitas vezes, é estrutura, ousadia e vontade política.

Fica aqui meu respeito a essa iniciativa e o desejo de que ela possa inspirar outras regiões. Porque segurança de verdade começa com presença, prevenção e proximidade. E o município pode ser o protagonista dessa transformação.

segunda-feira, 7 de julho de 2025

Ritton deve entrar na disputa estadual: "Não volto atrás"

Sandro Ritton, atual presidente da Câmara de Resende, caminha para se consolidar como um dos nomes mais cotados da cidade para disputar uma vaga na Alerj em 2026. Com dois mandatos bem avaliados como vereador e no terceiro com uma presidência marcada por estabilidade política e articulação institucional, Ritton ganhou musculatura dentro do cenário municipal. Mas o que realmente acendeu o sinal verde para seu projeto estadual foi o alinhamento — cada vez mais visível — com o atual governo municipal e com o ex-prefeito Diogo Balieiro Diniz, que deve disputar uma vaga como deputado federal.

Ritton representa o perfil técnico-político: um empresário que não se furta ao diálogo e que tem buscado manter a Câmara funcionando sem atritos desnecessários com o Executivo. Sob seu comando, o Legislativo deu visibilidade a pautas importantes, como a valorização dos servidores aposentados e o incentivo à cultura — sinalizações de que sabe como construir capital político com base em entregas sociais. Além disso, carrega o peso simbólico de administrar o legado do pai, o saudoso ex-vereador Bira Ritton, respeitado em Resende por sua trajetória de trabalho e firmeza.

Com uma base eleitoral já consolidada e o apoio de parte expressiva dos vereadores da cidade, Sandro se fortalece como um nome viável para alçar voos mais altos. No entanto, a palavra final sobre sua candidatura deve vir de Diogo Balieiro — uma figura que, mesmo fora do cargo, segue com influência decisiva sobre os rumos políticos da base governista. Segundo fontes, foi o próprio Diogo quem alimentou a ideia da pré-candidatura de Sandro. E, segundo o próprio Sandro, ele não voltará atrás, pois "não tem nada a perder".

Contudo, há um obstáculo interno que não pode ser ignorado: o atual vice-prefeito de Resende, Davi do Esporte, também mira uma vaga na Assembleia Legislativa. Carismático e presente nas comunidades, Davi tenta se posicionar como o nome mais popular do grupo, apoiado no trabalho social e esportivo que desenvolve há anos. Enquanto Ritton representa o equilíbrio, a institucionalidade e a interlocução entre os poderes, Davi aposta no apelo direto ao povo, na simplicidade do discurso e na força do corpo a corpo.

A questão é que, internamente, Davi enfrenta resistência de alguns aliados, que dizem não querer abrir mão do cargo de vice-prefeito — especialmente após Resende ter perdido seu deputado estadual para ganhar um prefeito, Tande Vieira. “Perdemos um deputado para ganhar um prefeito; agora corremos o risco de perder um vice-prefeito. Acho que o grupo pode se fortalecer mantendo os cargos, e não abrindo mão deles”, afirmou um integrante do governo que pediu para não ser identificado.

Essa dualidade — o institucional versus o popular — pode provocar uma divisão na base aliada. E aí entra o papel estratégico de Diogo, que terá que arbitrar esse embate e escolher qual nome estará apto a carregar sua bandeira estadual, enquanto ele próprio busca espaço na Câmara Federal.

Uma pesquisa informal (sem metodologia técnica) realizada em um perfil político no Instagram mostrou Sandro empatado com Renan Marassi, ex-candidato a prefeito e também possível candidato a deputado estadual. Já Davi apareceu em terceiro na preferência dos seguidores da página.

No fim das contas, a possível candidatura de Sandro Ritton é forte e bem estruturada, mas não está livre de desafios. Se terá ou não o endosso definitivo de Diogo, ainda veremos. O que é certo é que Resende está prestes a assistir a uma disputa interna que poderá redesenhar não só a representação da cidade na Alerj, mas o próprio futuro político do grupo que governa a cidade há quase uma década.



domingo, 6 de julho de 2025

O papel do vereador e o preço da omissão


Sempre que se fala em política, muita gente lembra logo do presidente, do governador, do prefeito… mas quase nunca se fala do vereador. E olha que o vereador é a autoridade mais próxima da população, aquela que deveria estar ali, no dia a dia, ouvindo, fiscalizando, propondo melhorias e defendendo os interesses do povo. Mas infelizmente, em muitas cidades da região das Agulhas Negras, o que mais vemos são vereadores que se escondem do seu papel.

O vereador não está na Câmara só pra dar nome a rua ou fazer moção de aplausos. Ele é eleito pra legislar, fiscalizar o Executivo e lutar pelas necessidades da população. É ele que pode cobrar melhorias no posto de saúde que está caindo aos pedaços, no ônibus escolar que não chega na zona rural, no asfalto que nunca vem. Mas quando o vereador se omite, quem paga a conta é a cidade inteira.

Veja Resende, por exemplo. Há bairros como Lavapés, Vicentina e Alegria que sofrem há anos com problemas básicos: esgoto a céu aberto, falta de iluminação pública decente e ruas com lixo e entulhos. E onde estão os vereadores eleitos por essas comunidades? Onde está a cobrança firme na tribuna, a visita técnica, a denúncia ao Ministério Público, o pedido de providências ao Executivo?

Em Itatiaia, outro caso: o escândalo de corrupção na história recente envolvendo o alto escalão da prefeitura chocou o Estado, e poucos foram os vereadores que levantaram a voz. Muitos se calaram, preferindo manter seus acordos políticos ao invés de defender a moralidade pública. Resultado? População revoltada, cidade paralisada, e a desconfiança geral nas instituições.

Na pequena cidade de Quatis, as demandas da zona rural, como estradas precárias e transporte escolar, continuam sem solução. E por que isso não avança? Porque muitos vereadores ainda confundem o mandato com um favor pessoal, e não com um dever público.

E o mais triste é ver que esses mesmos vereadores que se calam durante quatro anos aparecem sorridentes na eleição, pedindo mais um voto de confiança. Usam palavras bonitas, promessas recicladas, e somem de novo. A população precisa começar a lembrar: vereador que some depois de eleito, tem que continuar sumido na próxima eleição — nas urnas.

Não dá mais pra aceitar o vereador que só aparece na sessão, bate ponto, faz selfie e vai embora. Não dá mais pra aceitar o “vereador de gabinete”, que só atende por telefone e evita o povo. A cidade sangra quando o vereador não cumpre seu papel. E o povo paga essa conta com ruas esburacadas, escolas abandonadas, hospitais lotados e direitos esquecidos.

Está na hora de mudar essa lógica. Está na hora de cobrar. Está na hora de lembrar que vereador não é figurante, é protagonista. E se não quiser atuar, que dê lugar a quem tem coragem de ser voz do povo de verdade.

sábado, 5 de julho de 2025

O jogo já começou: Washington Reis, Paes e os caminhos para 2026


Nos bastidores da política fluminense, nada é por acaso — e a recente exoneração de Washington Reis pelo governador interino Rodrigo Bacellar foi apenas mais uma peça mexida num tabuleiro muito maior: a eleição de 2026.

A verdade é que Reis não está fora do jogo. Pelo contrário, está se movimentando com força, inclusive nos bastidores do Judiciário. Ele articula com seus aliados uma reviravolta na justiça para tentar derrubar sua inelegibilidade, que decorre de uma condenação por crime ambiental. A estratégia jurídica passa por um pedido de revisão no STF, buscando rediscutir os efeitos da Lei da Ficha Limpa no seu caso. Fontes dizem que há conversas com membros do judiciário e um esforço para construir um entendimento favorável. Ou seja: Reis quer ser candidato em 2026 — e está disposto a tudo para isso.

E ele não está sozinho. Eduardo Paes tem feito gestos claros de aproximação. A aliança entre Paes e Reis pode parecer improvável à primeira vista, mas, na real, é estratégica. Ambos têm interesse em enfraquecer a dobradinha Castro-Bacellar, que hoje domina o Palácio Guanabara. Paes, que já rompeu com Castro e tem ambições nacionais dentro do PSD, vê em Reis um possível aliado para ampliar sua força no estado e reconfigurar o mapa político do Rio.

Enquanto isso, Bacellar, ainda digerindo a repercussão da exoneração, tenta se firmar como nome competitivo para 2026, se colocando como uma espécie de "anti-Castro" — mesmo tendo sido eleito ao lado dele. Sua postura durante o breve período como governador interino deixou claro que ele quer mais que a cadeira de presidente da Alerj. Ele quer poder, e quer ser o próximo a sentar no Palácio.

A confusão que se armou após a exoneração de Reis revelou algo maior: o campo da direita no Rio está dividido. De um lado, Bacellar e Castro buscando manter o domínio que conquistaram. Do outro, um Washington Reis que, mesmo inelegível, não aceita ser descartado — e que já ensaia uma reaproximação com a esquerda moderada e até com o presidente Lula, o que tem feito circular nos bastidores a expressão “BolsoLula”.

Se ele vai conseguir se viabilizar juridicamente, ainda não sabemos. Mas uma coisa é certa: subestimar Washington Reis é um erro. Ele tem base, tem aliados, conhece os caminhos da política fluminense e não engole desaforo calado. Disse com todas as letras que a assinatura de Bacellar “não vale nada” e deixou no ar que sua demissão foi um ato pessoal, não institucional.

Com o retorno de Cláudio Castro ao governo, fica a dúvida: o governador vai reconduzir Reis ao cargo ou vai deixar tudo como está para não se indispor com Bacellar?

Enquanto isso, os bastidores seguem fervendo. E como sempre digo: no Rio, a política nunca dorme — ela apenas cochila de olho aberto.