quinta-feira, 10 de julho de 2025

Vivendo com Pressa: A Ansiedade de um Tempo Acelerado



Outro dia me peguei lembrando de como era assistir televisão antigamente. Eu me sentava no sofá, e quando começava o intervalo, aproveitava pra ir ao banheiro, pegar um biscoito, beber uma água. E sabe o mais curioso? Ninguém reclamava. Em alguns momentos, eu até gostava dos comerciais. Era o tempo das coisas fluindo naturalmente, sem ansiedade. Tinha propaganda que durava cinco minutos — e tudo bem.


Hoje, não consigo mais esperar 15 segundos antes de um vídeo no YouTube. Pulo assim que posso. Fico impaciente. Maratono uma série inteira em um único fim de semana, sendo que, anos atrás, ela levaria meses pra terminar na TV aberta. Parece que perdi a capacidade de esperar. E, olhando em volta, percebo que não estou sozinho.


Vivemos num ritmo tão acelerado que mal damos conta de onde estamos. Tudo precisa ser agora. Tudo precisa acontecer pra ontem. Mas nessa correria, me pego pensando: será que não estamos passando pela vida sem realmente vivê-la?


Quantas vezes eu já acordei correndo, trabalhei no automático, deixei de olhar nos olhos das pessoas por estar sempre com pressa? E pior: quantas vezes discuti por bobagens, guardei mágoas pequenas como se fossem grandes, me afastei de quem amo por orgulho ou por falta de tempo?


A verdade é que a vida não espera. Ela é breve — e frágil. E, por mais clichê que pareça, é real: aquela pessoa que a gente ama pode simplesmente não estar mais aqui amanhã. E aí? Valeu a pena a briga? Valeu a pena virar o rosto? Valeu guardar aquele “eu te amo” só pra depois?


Sinto que, nessa pressa de viver, estamos nos aproximando do fim como se ele fosse um troféu. Mas o fim — todos sabemos — é o mesmo pra todos nós. E ele chega, cedo ou tarde. O que vai fazer diferença é o caminho. É o intervalo. É o que a gente faz entre o ponto de partida e a linha de chegada.


Por isso, venho tentando — com muito esforço, confesso — resgatar o valor dos intervalos. O silêncio entre uma música e outra. A pausa entre um episódio e outro. A conversa sem distração. O observar a paisagem. O filho brincando. O café compartilhado sem pressa. O perdão dito sem orgulho (esse é o mais difícil). A vida vivida sem aceleração.


Porque viver correndo, no fundo, é morrer aos poucos… sem perceber.


 

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